A geração de riqueza e bem-estar social exige parcerias entre universidades e empresas

Para definitivamente mudarmos de rumo em direção a uma sociedade mais justa, e rica em oportunidades para todos, não podemos mais perder tempo na busca constante de novas razões para frear as parcerias entre universidades e empresas

Nos últimos 10 anos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil não tem conseguido sair da casa dos 0,7 pontos, com crescimento relativo de apenas 5% em uma década. Multiplicam-se os debates sobre a necessidade de aumentarmos a geração de riqueza, por meio da descomoditização da nossa pauta de exportação, mas nenhuma politica, nenhuma iniciativa focada e contínua, tem sido de fato implementada para transformar o discurso em prática. Ao contrário, parecemos estar constantemente à busca de qualquer exemplo contraprodutivo, para justificar a criação de novas regras que engessarão e frearão mais ainda a relação entre a Academia e o Setor Produtivo, reduzindo desta forma a nossa capacidade de transformar conhecimento em produtos, processos e serviços que, por sua vez, gerarão riqueza, renda e bem-estar, na medida da sua absorção pela sociedade.

Todos sabem que, para gerar riqueza e crescimento social, não basta o Brasil representar 2,7% da produção científica mundial, não é suficiente gerar cerca de 53 mil artigos acadêmicos de alto impacto por ano. Essa capacidade de produção científica, não tão distante dos 64 mil artigos produzidos pela Coreia do Sul, não prescinde da necessidade definitiva de consolidar um diálogo produtivo, ético e de ganhos mútuos, entre as universidades e as empresas. A relação entre a Academia e o Setor Privado deve ser pautada pela Inovação, ou seja, pela transformação dos avanços científicos em ganhos econômicos, que necessariamente ocorrem na medida do crescimento competitivo do Setor Produtivo.

Comprometer apenas 1,24% do Produto Interno Bruto Nacional em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), obviamente, não é suficiente para um país como o Brasil, ainda mais se relembramos que a fatia do protagonismo privado está em declínio nos últimos 10 anos, sendo atualmente de 43% do total investido. Nenhum país desenvolvido no mundo encontra-se em uma situação em que investimentos públicos em P&D, que são obviamente voltados à pesquisa universitária, superam investimentos privados, transformando tal pesquisa básica em aplicações voltadas à geração de negócios. Em nenhum país desenvolvido a proporção de pesquisadores inseridos em atividades empresariais é menor de que 50%, mas no Brasil, tal fatia tem regredido de 40,6% em 2000, para o índice muito preocupante de 25,9% em 2010.

O que mais precisamos esperar para reagir com coragem e determinação? Que a nossa balança comercial seja tão deficitária, em função da importação de produtos de alta tecnologia, que não exista então mais nenhuma possibilidade de gerar e distribuir riqueza para todos, entrando em uma crise econômica e social que não possa ser revertida por muitos anos? Não existe mais tempo a perder, com novas razões de distanciar a Academia do Setor Produtivo. Necessitamos nutrir a cultura da parceria entre universidades e empresas, além de, juntos, acelerarmos e desburocratizarmos os instrumentos que permitam o desenvolvimento de projetos concretos entre o pesquisador e o empresário, para o benefício mútuo destas atividades humanas absolutamente necessárias e complementares, e para o benefício definitivo da sociedade paranaense e brasileira.

Por Filipe Cassapo, gerente do Senai Centro Internacional de Inovação

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