Fórum da indústria química e farmacêutica apresenta demandas do setor

Setor reuniu-se na Fiep para discutir os entraves para o desenvolvimento. Sindicato dos fertilizantes perdeu US$600 mi com atrasos no porto de Paranaguá

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) realizou nesta quinta-feira (26), em Curitiba, o Fórum Setorial da indústria química e farmacêutica, que abrange também as cadeias produtivas de cosméticos e de fertilizantes.

A realização dos Fóruns Setoriais 2011 acontece como sequência de um trabalho iniciado junto aos sindicatos industriais em 2009, quando foram levantados quais os principais entraves para o desenvolvimento dos diversos setores da indústria paranaense e como estas demandas poderiam ser enfrentadas através de ações da Fiep, do poder público e dos próprios empresários.

Nesta edição, as principais preocupações apresentadas pelos participantes referem-se à situação precária do Porto de Paranaguá, que estaria prejudicando a competitividade do setor; a falta de mão de obra qualificada e a falta de diálogo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Hoje a participação do Paraná na indústria química nacional é de 9,3%. O setor possui 916 estabelecimentos que empregam 22.090 pessoas no Estado, sendo que a grande maioria destas empresas concentra-se nas regiões Norte, na região metropolitana de Curitiba e no litoral. Da mesma forma ocorre com o setor de fertilizantes, onde o Paraná responde por 25% dos estabelecimentos do país, sendo o principal produtor brasileiro de intermediários para fertilizantes.

Segundo a economista Maria Cecília Cordeiro, designada pela Fiep para acompanhar esta cadeia produtiva, poderiam ser identificadas pelo menos 29 segmentos diferentes. “É complicado tratar tudo isso como uma coisa só. Cada setor tem suas características próprias.”, avalia. Nesse contexto a proposta do Fórum Setorial seria oportuna para reunir aquilo que estes setores têm em comum. “Por isso é importante este diálogo que a Fiep promove, para que as partes possam compor o todo.”, observa o presidente do Sindicato das Indústrias Química e Farmacêutica (Sinqfar), Marcelo Melek, destacando o trabalho do Fórum no alinhamento das agendas e das demandas do setor para que as questões transversais possam ser encampadas em conjunto pela federação em busca da competitividade do setor em sua totalidade.

Em resposta às demandas levantadas no Fórum Setorial de 2009, a Fiep promoveu diversas ações, como cursos de capacitação, cursos técnicos em meio ambiente e gestão avançada, além de consultorias em gestão de resíduos sólidos e na implementação e manutenção de certificação ISO. Atualmente a federação trabalha na estruturação e de projetos para o tratamento de resíduos. Uma Câmara técnica deve ser constituída brevemente para discutir estas ações. Outra iniciativa para este ano é a formatação de um banco de dados que irá mapear todos os elos envolvidos nesta cadeia produtiva, com o intuito de favorecer a elaboração de projetos do setor.

Novas demandas –  No que se refere à infraestrutura logística, os participantes da reunião desta quinta-feira (26) mostraram grande preocupação com as limitações do porto de Paranaguá. Segundo Roberto Rodrigues, representante do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos), devido às suas características geográficas, Paranaguá recebe 45% dos fertilizantes de todo país. Porém a precariedade da estrutura portuária acarreta grandes prejuízos para o setor, que teve que pagar, nos últimos cinco anos, US$ 600 milhões aos armadores marítimos em decorrência dos atrasos dos desembarques no porto paranaense.

O presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, observou que as preocupações com a situação porto de Paranaguá surgiram em praticamente todas as reuniões dos fóruns setoriais deste ano. Na sua opinião, uma solução possível seria a formação de uma cooperativa formada pelos usuários do porto. “Se ficar só na mão do governo as coisas não vão acontecer.”, alerta. Este horizonte, de uma participação mais ativa do setor privado na neste tipo de atividade, não estaria tão distante, uma vez que a no caso dos aeroportos houve mudanças recentes nesse sentido.

Outra questão que surgiu de maneira recorrente entre as reclamações dos participantes foi a falta de mão de obra. Segundo relato do diretor de desenvolvimento e transformação organizacional do Grupo Boticário, Henrique Adamczyk, a longo prazo a maior preocupação da empresa é a disponibilidade de pessoas altamente qualificadas para atuarem no grupo. “Curitiba não é mais motivo para deslocar profissionais de São Paulo.”, observa. Segundo ele, há um ano a empresa abriu um escritório em São Paulo para captar mão de obra.

Opinião semelhante tem o diretor da Leclair Cosméticos, indústria que emprega 560 funcionários em São José dos Pinhais, Rodrigo Papov. Segundo ele, existe grande dificuldade em manter os trabalhadores na empresa, não somente aqueles altamente qualificados, mas também o corpo operacional. “A rotatividade é muito grande, a média salarial no município é muito grande.”, observa.

Além destas questões, o presidente do Sinqfar, Marcelo Melek, destaca a necessidade de uma aproximação maior com a ANVISA. Segundo ele a agência reguladora tem procedimentos “confusos, demorados e altamente burocráticos.”. A gestão anterior do órgão tinha um a interlocução melhor com o setor, agora, com a mudança de governo, segundo ele, esse diálogo precisa ser novamente construído.

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